O modelo criado em parceria com a Ordem dos Médicos tem em conta a gravidade da doença, passando a entrar nas contas a letalidade por COVID-19 e a capacidade hospitalar.
Um indicador que permite tirar uma “fotografia mais realista” da evolução da pandemia, englobando vários indicadores pertinentes e que têm em atenção as circunstâncias atuais de saúde pública, foi desenvolvido conjuntamente pelo Instituto Superior Técnico [1] e a Ordem dos Médicos [2] (OM) e apresentado na manhã de 14 de julho, na sede da OM, em Lisboa. O modelo, que funciona por pontos, permitirá fazer uma avaliação da gravidade da situação pandémica e determinar que medidas devem ser adotadas.
De forma mais simples e prática: a ferramenta permitirá “medir a temperatura” da situação pandémica em Portugal, assim como acontece com um doente de COVID-19, permitindo determinar quando podemos apenas manter as precauções e a vigilância, ou quando devemos tomar medidas mais apertadas ou mesmo drásticas para olhar pela nossa Saúde.
O novo “Indicador de avaliação do estado da pandemia e impacto global na saúde” assenta em cinco indicadores parciais, continua a ter em conta a atividade da pandemia considerada na matriz usada atualmente, a partir da incidência e da transmissibilidade (Rt), mas engloba também a gravidade da doença, determinada em função da letalidade, dos internamentos em enfermaria e cuidados intensivos.
“Este indicador não é uma matriz de risco, é um indicador que tem uma formulação bastante mais complexa, em particular daquela que atualmente usamos, contudo, é muito mais simples de entender”, evidenciava o presidente do Técnico [1], professor Rogério Colaço, na sessão de apresentação. “É um contributo importante e inovador em termos nacionais e internacionais”, vincou.
O sistema é também flexível, permitindo inserir novas variáveis sempre que se verifique tal necessidade.
De acordo com os autores, outro detalhe diferenciador, é o cálculo da incidência e transmissibilidade. Ao contrário do que tem sido a norma até agora, no modelo proposto passa a ser utilizado o número de novas infeções a sete dias, e não a 14, e um Rt diário, quase automático.
A ferramenta que em breve estará disponível nos sites do Técnico [1] e da Ordem dos Médicos [2] resulta de um “trabalho de equipa”. Aos engenheiros e matemáticos do Técnico [1], os professores Henrique Oliveira [3], Rogério Colaço [4], José Rui Figueira [5] e a professora Ana Paula Serro [6], juntaram-se as competências médicas do bastonário da OM, doutor Miguel Guimarães, e do pneumologista e coordenador do gabinete de crise COVID-19 da OM, doutor Filipe Froes.
Tal como explicou o professor Henrique Oliveira, docente do Departamento de Matemática (DM) [7] e especialista em sistemas dinâmicos, “a pandemia em Portugal tem sido dinâmica”, e por isso mesmo é preciso juntar aos indicadores de transmissibilidade e incidência, outros dados que marcam a pandemia em Portugal, e cujas proporções “não têm sido constantes”.
O docente evidenciaria ainda que “a atual matriz de risco contendo apenas dois indicadores começa a dar só uma visão parcial do problema”. Uma ideia que seria sublinhada pelo bastonário da OM que considera que a matriz usada está “ultrapassada” e “não consegue acompanhar a dinâmica da evolução da pandemia”.
Ligações
[1] https://tecnico.ulisboa.pt/
[2] https://ordemdosmedicos.pt/
[3] https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/homepage/ist13299
[4] https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/homepage/ist13267
[5] https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/homepage/ist14525
[6] https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/homepage/ist134419
[7] https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/departamentos/dm/o-dm