Uma equipa de investigadores do German Cancer Research Center [1] (DKFZ), na Alemanha, desenvolveu uma técnica inovadora para o tratamento do cancro da próstata, através da verificação do alcance dos protões, em tempo real e no corpo humano, durante a terapia de protões utilizada no tratamento desta doença.
Paulo Magalhães Martins [2], investigador do Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica [3] (IBEB) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa [4] é um dos investigadores desta equipa, assinando como primeiro autor dois artigos publicados sobre o tema: na Scientific Reports [5] e na Scientific Data [6], partilhando a primeira autoria deste último artigo com Hugo Freitas [7], estudante de doutoramento no DKFZ.
A equipa é liderada por João Seco [8], professor da Universidade de Heidelberg [9], na Alemanha, e integra também Stephan Brons, Benjamin Ackermann e Thomas Tessonnier, físicos médicos do Heidelberg Ion-Beam Therapy Center [10] (HIT) do Heidelberg University Hospital [11], na Alemanha.
A terapia de protões é usada nos tumores mais difíceis de atingir e de tratar. No entanto, a elevada energia dos feixes de protões pode danificar células saudáveis em redor do tumor, o que reveste de enorme importância a verificação da distribuição da dose dada ao tumor. No caso do cancro da próstata, uma elevada dose aplicada à região retal está associada a um aumento da toxicidade gastrointestinal. A espectroscopia com radiação prompt gamma (PGS) permite medir desvios absolutos do alcance dos protões durante a terapia de protões. O objetivo é ter uma resposta, em tempo real, de forma a que eventuais movimentos dos órgãos sejam identificados e a sua irradiação seja evitada. Esta técnica assume uma particular importância no tratamento com protões do cancro da próstata.
Os investigadores têm vindo a trabalhar sobre o uso da técnica PGS para monitorizar a exposição da região retal à irradiação dos protões durante o tratamento deste cancro, tendo investigado o uso de um balão endoretal, usado normalmente para estabilizar o movimento da próstata, mas neste caso enchido com uma solução de dióxido de silício e inserido num fantoma da próstata (objeto inorgânico comumente utilizado para avaliar a performance de sistemas de radioterapia e medicina nuclear).
Os resultados demonstraram que o balão com a solução de dióxido de silício poderia ser usado como sonda para verificação do alcance dos protões durante uma sessão convencional de tratamento. Os investigadores validaram o método para vários ângulos de irradiação. Esta avaliação em tempo real da resposta poderá permitir aos médicos decidir se devem continuar ou corrigir o tratamento no sentido de evitar efeitos secundários gastrointestinais.
Os dados da investigação estão agora disponibilizados de modo a que outros investigadores reproduzam os seus resultados e avaliem geometrias, iões e fantomas alternativos. A próxima fase do processo será a construção de um protótipo clínico para ser utilizado na monitorização do tratamento com protões em pacientes.
Fonte: Faculdade de Ciências [12]
Ligações
[1] https://www.dkfz.de/en/index.html
[2] http://ibeb.ciencias.ulisboa.pt/pt/paulo-martins/
[3] https://ciencias.ulisboa.pt/pt/ibeb-instituto-de-biof%C3%ADsica-e-engenharia-biom%C3%A9dica
[4] https://ciencias.ulisboa.pt/
[5] https://www.nature.com/articles/s41598-021-93612-y
[6] https://www.nature.com/articles/s41597-021-01028-0
[7] https://www.linkedin.com/in/hugofreitasef/
[8] https://www.linkedin.com/in/joao-seco-5428726/
[9] https://www.uni-heidelberg.de/en
[10] https://www.heidelberg-university-hospital.com/diseases-treatments/cancer-and-tumor-diseases/proton-therapy-and-carbon-ion-therapy
[11] https://www.heidelberg-university-hospital.com/
[12] https://ciencias.ulisboa.pt/pt/noticia/28-12-2021/t%C3%A9cnica-pioneira-no-tratamento-do-cancro-da-pr%C3%B3stata