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Investigação e Desenvolvimento

Investigadores da ULisboa desenvolvem robot para ajudar crianças cegas e com boa visão a conversar entre si

O novo robot foi desenvolvido a pensar na acessibilidade e permitirá que crianças com e sem problemas de visão tenham uma conversa onde todos participam equitativamente.

Investigadores do Instituto Superior Técnico desenvolvem robot para ajudar crianças cegas e com boa visão a conversar entre si

Os investigadores desenvolveram um robot para mediar discussões em grupo entre crianças com habilidades visuais mistas. A equipa apresentou recentemente os resultados do estudo, durante uma conferência internacional sobre Interação Humano-Robot, realizada em março deste ano em Estocolmo, a ACM/IEEE International Conference on Human-Robot Interaction.

A literatura existente destacava já a menor participação nas discussões em grupo por parte de crianças com deficiência visual e a falta de tecnologias acessíveis que se adaptem às necessidades das crianças com e sem deficiência visual. “A maioria das tecnologias acessíveis é desenvolvida para ser utilizada apenas por crianças com deficiência, o que as exclui de muitas atividades que possam ser realizadas em sala de aula. Além disso, as crianças com deficiência visual têm maior dificuldade em perceber a conversação e as pistas não verbais relacionadas”, explica Isabel Neto, investigadora principal do projeto e doutoranda no Instituto Superior Técnico / INESC ID.

Com vista a encontrar uma solução, os investigadores adaptaram um robot disponível comercialmente – Dash – para que fosse capaz de mediar discussões em grupo entre crianças com habilidades visuais mistas. O robot move-se entre as crianças e permanece ao pé da criança que se encontra a falar, enquanto usa microfones para entender quanto é que cada criança está a contribuir para a discussão. O robot é ainda capaz de se deslocar até às crianças do grupo que falam menos para as incentivar a intervir mais. O Dash usa LEDs coloridos e expressões verbais para estimular a conversa e incentivar a participação das crianças. “Os comportamentos do robot foram criados através do desenvolvimento de software, especificamente concebido para ser usado por crianças de capacidades visuais mistas. Os seus comportamentos são percecionados por qualquer criança, independentemente da sua acuidade visual”, esclarece a investigadora.

O estudo realizado com grupos de crianças teve como objetivo testar se a intervenção do robot promoveria a participação igualitária de crianças com e sem deficiência visual em conversas em grupo. “Estávamos interessados em avaliar o quão equilibrada seria a participação do grupo. Considerámos um grupo equilibrado sempre que as crianças falavam de forma justa pelo mesmo período de tempo. Por outro lado, considerámos desequilibrados os grupos em que pelo menos uma criança falava significativamente mais ou menos do que as outras”, esclarece Isabel Neto.

O estudo mostrou que o robot reduziu a discrepância entre a participação de crianças com e sem deficiência visual. A equipa alcançou estes resultados usando o que apelidaram de estratégia diretiva, em que o robot se aproximava da criança menos participante, incentivando-a a falar. “Embora não tenha eliminado totalmente as discrepâncias, o robot reduziu consideravelmente essa desigualdade. Estamos a falar de um pequeno mas promissor passo no sentido de uma participação mais justa de todas as crianças nas atividades em sala de aula”, conclui a investigadora.

Esta investigação destaca as vantagens da criação de tecnologias inclusivas que qualquer pessoa pode usar, promovendo experiências justas e equitativas. No futuro, a equipa do Interactive Technologies Institute aperfeiçoará a estratégia diretiva para torná-la mais orgânica e natural. “Também queremos expandir nosso público e explorar como poderíamos usar um robot noutros grupos de habilidades mistas, como crianças no espectro do autismo”, revela. Os investigadores esperam que suas descobertas influenciem positivamente a dinâmica de grupo em casa, nas salas de aula e locais de trabalho.

Esta investigação resultou de uma colaboração entre o Interactive Technologies Institute, o Instituto Superior Técnico, o INESC-ID e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
 

Fonte: Instituto Superior Técnico

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