As ameaças que percorrem um Planeta Terra radicalmente alterado pela ação antrópica exigem que as Universidades sejam capazes de se interrogar criticamente, tanto sobre o caminho percorrido, como prospectivamente sobre as contradições e obstáculos que ameaçam a possibilidade de futuro. Para manter a sua missão milenar, a ideia europeia de Universidade, têm de ter a coragem e a humildade de enfrentar os desafios globais, regionais e locais, vencendo os preconceitos e falsos consensos. Esta conferência na Universidade de Lisboa, com convidados de diferentes áreas científicas, pretende contribuir para esse rumo inadiável.
 

Programa

14:00  Mostra de projetos de Estudantes da ULisboa.

15:30-16:00
Abertura
Luís Ferreira, Reitor da Universidade de Lisboa

Conferência:
Como Reaprender a Habitar a Terra no Antropoceno?
Viriato Soromenho-Marques, Faculdade de Letras 

16:00-17:30
Debate
Moderação: Teresa Firmino, jornalista do Público

Painel:
Pedro Matos Soares, Faculdade de Ciências
Luísa Schmidt, Instituto de Ciências Sociais
Cristina Branquinho, Faculdade de Ciências
José Manuel Lima Santos, Instituto Superior de Agronomia
Tiago Águas, Faculdade de Arquitetura
David Ferreira, Instituto Superior Técnico

Entrada livre, sujeita a inscrição.
 

Mais informação

As alterações climáticas - que em conjugação com o declínio da biodiversidade constituem a manifestação suprema da crise global do ambiente - surgiram no grande espaço público há apenas algumas escassas décadas, e de forma irregular e descontínua, não escapando à estrutura cíclica de atenção/esquecimento, típica dos processos de entrosamento entre informação, manipulação e propaganda, que regem a paisagem mediática contemporânea.

Sendo, embora, um tema que ganhou a sua existência no interior das ciências da natureza, as alterações climáticas e outras dimensões da crise ambiental estimularam o desenvolvimento de uma nova família de estudos interdisciplinares, associada à experiência do Programa Geosfera-Biosfera (1987-2015), as Ciências do Sistema Terra. Foi nesse âmbito que surgiu a proposta de uma nova época geológica, o Antropoceno, superando e substituindo o Holoceno.  Essa proposta contém o mérito fundamental de nos apresentar uma interpretação abrangente e integradora daquilo que está em curso, sem perder uma rigorosa fundamentação em modelos solidamente alicerçados sobre uma ampla base empírica. As ameaças que a disrupção ambiental e climática acarreta para a habitabilidade da Terra, incluindo o futuro da existência de uma civilização humana, complexa e pujante, são de tal modo graves que será absolutamente adequado considerar que elas se tornaram numa preocupação transversal ao espectro dos saberes, entrando também nos canais do imaginário cultural e na iconografia dos medos e pânicos escatológicos das sociedades contemporâneas.