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Professora do Instituto Superior Técnico vai liderar grupo de trabalho da Agência Espacial Europeia

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Zita Martins é o primeiro nome português a ocupar o cargo de presidente do Solar System Exploration Working Group.

Houston, we have lift off!” – e desta vez é Zita Martins, investigadora e professora do Técnico, que parte em direção à Agência Espacial Europeia (ESA) para presidir o grupo de trabalho que dá aconselhamento sobre a ciência e exploração do Sistema Solar, o Solar System Exploration Working Group (SSEWG). A partir de janeiro de 2024 e durante esse triénio, para além de presidir o SSEWG, a investigadora do Centro de Química Estrutural (CQE) será também membro do Space Science Advisory Committee (SSAC), órgão da ESA perante o qual responderá.

Trata-se da primeira vez que uma personalidade portuguesa ocupa o cargo de presidente do SSEWG. Assinalando a ocasião, a cientista partilhou as suas perspetivas quanto ao convite que recebeu, comentando o que o futuro da sua carreira e das ciências do espaço poderá reservar.

 

Que importância atribui a este convite para si, para o país e para o Técnico?

Zita Martins (ZM): Recebi este convite da ESA para presidir a um grupo de trabalho que é bastante importante, o SSEWG. Obviamente, isto é uma honra enorme – é uma honra enorme para mim, por ver o meu trabalho na minha área reconhecido, e é ótimo para o Técnico e para Portugal. É a primeira vez que um cientista português vai presidir este grupo de trabalho.

Termos um cientista a este nível que acaba por representar também o Técnico é uma responsabilidade e uma honra. Vão ser alguns anos de bastante trabalho, mas acho que vai ser muito interessante ver ‘o outro lado’ também, porque a ciência não é só especificamente estar fechada num laboratório. Neste caso, nestas reuniões e grupos de trabalho vai-se discutir o futuro das ciências planetárias e das ciências no nosso sistema solar e, portanto, nesse nível acho que vai ser muitíssimo interessante e estou bastante entusiasmada.

Que aspetos da sua atividade científica considera que possam ter sido essenciais para obter esta nomeação?

ZM: Acho que há aqui duas ou três grandes vertentes. Sou licenciada em Química pelo Técnico, mas tenho um doutoramento em Astrobiologia e trabalho nessa área há mais de 20 anos. Nesse sentido, são mais de duas décadas de trabalho numa área muito interdisciplinar a fazer ciência ao mais alto nível, a ser reconhecida pelos colegas, não só na Europa como nos EUA e no Japão.

Além disso, também tenho uma vertente de liderar e coordenar equipas – não só a minha equipa do laboratório de astrobiologia do Técnico, mas também vários painéis. Tenho experiência, adquirida ao longo dos anos, em liderar grupos de trabalho. Essa experiência é também uma mais valia, porque uma coisa é fazer ciência, outra é saber liderar grupos de trabalho. Há prazos para cumprir, há determinadas maneiras de trabalhar…

Também acho que há um terceiro ponto bastante importante: o facto de eu fazer parte de tantas missões espaciais internacionais, como membro da comunidade científica. Isso também traz uma perspetiva de saber perguntar “OK, olhando para o futuro, o que é que falta fazer?”. Essa perspetiva é muito relevante se tivermos uma missão espacial que vai demorar 10, 15 ou 20 anos.

Que futuro prevê para o desenvolvimento das ciências do espaço nos próximos anos?

ZM: Em termos de futuro das ciências do espaço, há o ‘ir a sítios onde ainda não fomos’ ou fazer investigação de algo que ainda não foi conseguido, ou então utilizar equipamento que nós, até agora, não tínhamos. Com o avançar dos anos, temos conseguido desenvolver esses equipamentos e, portanto, consegue-se descobrir coisas que antes não conseguíamos.

Falando da ESA, a agenda para 2050 já foi discutida e agora há vários grupos de trabalho. Há cientistas que estão a reunir-se e tentar discutir quais deverão ser as futuras missões, os locais, o que é fazível ou não, e isso é feito em conjunção com os engenheiros que nos dizem “sim, essa ideia que vocês têm é possível” ou não. Por exemplo, se quisermos ir às luas geladas de Júpiter e Saturno, quais os alvos aos quais devemos ir? Devemos ir a Europa, Encélado, Titã? Neste momento, é isso mesmo que está a ser discutido.

Prevejo que, nas próximas décadas, uma missão desse calibre aconteça, para além, obviamente, das missões da NASA que já estão planeadas, mas vamos ter muitas missões ou, pelo menos, a discussão dessas missões espaciais, e vamos ter o respetivo planeamento. Esperemos, nas próximas duas décadas, ver algumas dessas missões a serem lançadas. Já seria uma alegria enorme.

Como classificaria o papel dos cientistas portugueses na investigação que é feita na área das ciências do espaço?

ZM: Tem havido – e a expressão é mesmo essa – um crescimento exponencial da ciência portuguesa nos últimos 20 anos. Como disse, sou licenciada em Química pelo Técnico e lembro-me perfeitamente de ter algumas aulas das matemáticas em conjunto com alguns dos estudantes dos primeiros anos do curso de Engenharia Aeroespacial (não foram literalmente os primeiros, já que eu entrei em 1997). Lembro-me de que havia um entusiasmo enorme nessas áreas e que muitos desses alunos foram para a ESA e permaneceram lá, e que outros voltaram e abriram as suas próprias empresas.

Nós sabemos que tem havido um crescimento exponencial, mas esse crescimento também tem uma base muito sólida em termos de qualidade. Os engenheiros, os cientistas e as empresas portuguesas que lidam com o espaço são de uma qualidade enorme. Vão ainda continuar a crescer e a expandir-se, mas volto a dizer – em termos de ciência, temos vários portugueses a dar cartas entrando em missões espaciais ou grupos de trabalho. A ciência portuguesa no espaço está muito bem, recomenda-se e, posso dizer, continuará a crescer.

Numa nota final: há quase 25 anos, quando saí de Portugal, não havia grupo nenhum que fizesse Astrobiologia em Portugal, e temos de frisar isto – no Técnico temos o primeiro grupo de Astrobiologia do país, e já com vários níveis. Tivemos alunos de licenciatura, de mestrado, de doutoramento, pós-docs… é um grupo que está para ficar. Cheguei ao Técnico em 2018 e acho este ponto fundamental quando falamos sobre cientistas – é preciso realçar o papel que a Escola tem nesta área.

Fonte: Instituto Superior Técnico

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